Não aceite migalhas do amor

migalhas

 

 

 

Para começar, o amor não oferece migalhas. Se é isso que alguém está te oferecendo, esse alguém não te ama. Simples assim.

Talvez o problema esteja na definição de “amor”. Em alguns casos, confundem amor com romance, como nos filmes onde príncipes resgatam princesas em apuros e depois vivem felizes para sempre. A ilusão desse simulacro sobre o amor é que o “para sempre” não existe em lugar nenhum, tampouco no amor. No amar, o que existe é uma dura e dedicada construção diária.

Em outros casos confundem amor com posse, como se amar alguém fosse o mesmo que ser dono de alguém. Esse tipo de ilusão sobre o amor gera, de um lado, um senhor de escravos, que acredita ser a própria lei encarnada. De outro lado gera um refém, sempre procurando uma maneira de escapar.

Na maioria das vezes, contudo, usam o amor como desculpa para obter vantagens sobre o outro, como sexo, por exemplo. Em nome de conquistar coisas da outra pessoa, usam o amor como atalho e, assim que conseguem o que queriam, vão embora – ou pior, ficam sem ficar.

Dessas três ilusões sobre o amor, só se pode obter migalhas – porque nenhuma dessas formas de amar é inteira; porque nenhuma dessas formas de amar é amor, uma vez que não há integridade, gratuitidade ou liberdade.

Não aceite um amor que não seja por inteiro. Não ofereça um amor que não seja por inteiro. Afinal, todos somos pessoas inteiras, incapazes de viver pela metade; incapaz de sobreviver aos pedaços; incapaz de se alimentar com migalhas.

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