Uma manhã qualquer acordei
e tive uma visão.
O mar me invadia pelas janelas
como se as paredes de minha casa
fossem rochas à beiramar.
Ao meu lado, uma Janaína deitada.
Era um pouco peixe e um tanto mulher.
Cada vez que sua boca abria,
soltava sol pelos pulmões.
Desse dia em diante o mar nunca mais se fez distante.
E mesmo nos dias que ela não esteve por perto,
o sal salgou minhas vontades
e a maresia devorou minha carne.

_Você demorou demais pra ser meu outra vez!
_As coisas foram no tempo certo.
_ Já é muito para quem tem pressa!

Quando era pequeno,
costumava esconder coisas que eram especiais para mim.
Com o tempo eu esquecia onde às tinha escondido.
Eu às perdia.

A primeira vez que eu fui embora daquela cidade,
minhas veias se encheram do nome dela
e como uma visão, finalmente entendi
que aquele sotaque de agua,
nunca mais iria emboar de mim.

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