Certa vez um forasteiro que atravessava uma campina se deparou com outro homem que chorava e se lamentava à beira da estrada por se sentir só e despreparado.
O forasteiro disse estar viajando há dias e que poderia servir de companhia ao homem se este lhe oferecesse comida e abrigo. O homem se alegrou tanto e o recebeu tão bem em sua casa que o forasteiro resolveu em troca, fazer também alguns reparos que o lugar necessitava.
O forasteiro que há muito viajava sozinho, se afeiçoou pela companhia do homem e acabou por passar um longo período em sua casa. Além de servir de companhia um ao outro em longas conversas que tinham a noite sob a fogueira, o homem ensinava pequenos truques domésticos ao forasteiro e o forasteiro contava ao homem coisas sobre os lugares por onde já havia passado.
Um dia, depois de muito tempo, o forasteiro que agora tinha um nome e um laço com o homem foi até ele na mesma campina que se conheceram e disse-lhe que sentia amor por sua companhia, mas que sentia tristeza pela falta que a estrada lhe fazia e sem dizer muito mais que isso se foi. O homem sentou-se outra vez sob a campina e outra vez sentiu-se só,  mas dessa vez não sentiu tristeza e nem despreparo, pois já não era mais o mesmo homem. Dessa vez havia nele todo o conhecimento do forasteiro e o sentimento bom de ter passado adiante tudo o que sabia.

Muitas vezes ficamos bravos e dizemos não acreditar no amor pelo fato dele vir, ficar um tempo e depois partir, mas fazemos isso porque não percebemos que ele se tornou para sempre parte de nós, em tudo o que aprendemos e nos transformamos durante o percurso.

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