É noite. A chuva escorre decidida pelos poros da cidade. Nós dois também. Deitados no chão do quarto, eu te cubro como a escuridão. Gaia e Urano, sem qualquer espaço entre nós dois. Duas entidades, transformadas em um único ser. Um único cosmo. Eu sinto cada contração do seu corpo tocar o meu. Cada som. Cada calor. Já não reconhecemos mais os nossos limites. O espaço. O tempo. As suas pintas se tornam as minhas. As nossas marcas se tornam as mesmas. Até mesmo as nossas veias. O ar rarefeito do seu desejo se funde ao meu, ecoados entre gritos e silêncios. Nós nos tornamos indivisíveis. A mais perfeita impureza. É noite. A chuva escorre decidida pelos poros da sua amada. Nós também.
Que coisa mais linda!
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