No espetáculo da @acasavulgar “Amor em VIII atos” que ocorreu no Rio de Janeiro recentemente, abrimos uma roda de conversa logo após seu término com o objetivo das pessoas se sentirem à vontade para perguntarem sobre a apresentação ou algo que fosse pertinente ao momento.
Foram diversas contribuições interessantes que certamente nos enriquecem e somam para o fomento da arte que apresentamos, estreitando laços com o público e permitindo uma troca humana cheia de emoção.
Diante de várias perguntas, uma chamou-me a atenção. Após uma fala onde comentamos que o tema amor é algo comum em nossas postagens, uma pessoa disse: Vocês não acham que fica muito repetitivo falar de amor? Sempre conseguirão ter textos sobre isso?
Depois de alguns comentários dos meus amigos, tomei o microfone e disse que tal questionamento é muito importante, pois penso que nossa condição humana exige que sejamos como uma ferramenta para construção e perpetuamento de certas coisas para que a geração atual e as próximas continuem tendo referências e falas que carreguem consigo algo que jamais devemos esquecer e é nisso que se encontra o amor.
Um dia findaremos, mas o amor não, assim como o ódio, a intolerância, a dor, a solidão e as cicatrizes sempre serão novas cicatrizes. Por isso, não é repetitivo falar de amor ou achar que o mesmo se esgotará, porque não tem que se esgotar. Precisamos falar de amor pelas inúmeras formas com que o amor não é compreendido. Precisamos falar de amor porque dói, porque nos faz falta, porque nos preenche, porque nos dá colo, porque é lindo, porque nos emociona, porque muitos ainda virão questionando se ele realmente existe, porque queremos saber como compreendê-lo melhor.
Precisamos falar de amor para que as pessoas não se esqueçam dele e ele não seja abandonado, para que mais questões e mais amor apareçam e com isso aprendamos a amar mais e de formas diferentes. Precisamos falar de amor para que ele não vire silêncio e seja o motor de muitas de nossas escolhas, para que possamos nos livrar dos amores tóxicos e equivocados e saibamos entender que eles podem ser tudo, menos amor. Precisamos falar de amor para abrir portas e deixar o amor entrar para sermos amados.