estava lendo um livro do célebre fotógrafo Henri Cartier-Bresson que louva o que ele chamou de instante decisivo, o instante em que a foto se apresenta para o fotógrafo e se o mesmo for desatento e perder este instante a foto naufragará na rotina, e a beleza será esquecida ou não será materializada porque não foi vista, eu fiquei encantado com esta ideia.
O tempo é uma espécie de fotógrafo que irá nos pegar de surpresa, sem pose, sem barriga para dentro e costas alinhadas, não poderemos fazer 32 momentos para poder escolher qual é o melhor, as coisas virão, o amor, a lágrima, o nascimento e a morte.
A vida sem pose é apenas vida, todos os momentos realmente decisivos aparecerão e tocarão a nossa essência, aquilo que foi chamado de alma, por mais que esperamos o amor ele é sempre inesperado, apesar de todos nós termos consciência que toda vida tem um fim, ele chegará e nos assustará com a sua brutalidade e não entenderemos como uma pessoa que estava aqui ontem não estará aqui no “hoje”, a saudade entrará por uma porta que nós tínhamos a certeza que estava trancada, você entende o que eu quero dizer? Não adianta fazer um esforço hercúleo para fazer as melhores poses, tentar sublinhar as suas qualidades e encolher artificialmente os seus defeitos. O que interesse para a vida é apenas você sendo você.
A vida sem pose é apenas vida e como bem disse o grande poeta Paulo Leminski:
Distraídos venceremos.