Demorou. Mas, depois de eras, o meu peito se aqueceu de novo. E pensar que eu, um homem de tantas certezas, jurava que não amaria de novo. Afinal, tanto tempo havia se passado sem nenhum lampejo de luz nesta alma repleta de filosofias. Tanto tempo estranhando uma frieza própria que nunca havia conhecido. Então, tudo mudou. Um primeiro sorriso. O inexplicável carinho. Aquela sensação adolescente, em minha tão gasta vida. A lição? Não há tempo certo para amar. Não há idade ou momento de vida. O amor nos pega desprevinidos, enquanto pensamos nas listas de compras ou nas metafísicas do indizível. Talvez, aí fora, alguém já tenha desistido de tudo isso. Acho bom. Acho até melhor. Porque, no fundo, o amor gosta dos distraídos. E nada nos torna mais amáveis do que uma leve desatenção.