Tem uma cidade
que mora em mim.
Uma cidade
que não é minha,
mas soube direitinho
me fazer seu.
Eu já saí de lá,
algumas vezes.
Ela, nunca sairá de mim.
Só lá o sol se põe no mar,
feito sereia que canta
para encantar.
Só lá céu e água são um só,
notas de vermelhos e amarelos tão vibrantes
quanto a saudade que me faz
sentir do lado de cá.
É lá que nos dias frios
o vento canta afiado
e a noite vem à tarde,
mensageira que chega mais cedo
anunciando a despedida.
Pequena,
se esparrama pela costa
e invade a encosta.
Gigante,
ocupa meu pensamento
e meu futuro imaginário.
De lá trago os passeios com areia nos pés,
o carinho com cheiro de café,
as janelas floridas que cerram amores,
as minhas inúmeras idas ao porto,
cheio de esperança que o navio parta
sem mim.
De lá carrego as pedras
que moram no meu armário de lembranças
bem de frente para o meu passado,
vivo e vivido em retratos
que sustentam a parede
do meu quarto.
Lá também tem pedras
que hoje cobrem boa parte
do meu passado.
Todo os dias
passo na frente
do meu passado.
Digo bom dia
quando saio
e digo boa noite
quando entro
no meu quarto.
Todos os dias
também digo até logo,
digo que quero ir,
logo,
para a cidade
que mora em mim.
Me espere.
O dia que eu partir
é para ficar
eternamente
na tua memória.
Lindo!💜
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